Outro dia fui almoçar
em um restaurante aqui em Itacaré (ocultarei o nome por motivos
óbvios), pela primeira vez. Um belo estabelecimento, bem decorado,
até com algum requinte... Fui atendido por um garçom-show –
fiquei encantado. Simpatissíssimo. Muito educado, inteligente.
Vendeu o restaurante, como se fosse seu. Tanto que perguntei se era
dele. Bastante engraçado, rimos muito. Pedi uma caipirinha que
demorou cerca de 30 minutos. Toda sofisticada, coada, com gosto de
casca de limão insuportável. Horrível.
Como estava gostando
do papo, não vi o tempo passar. Depois de uns 40 minutos, ele veio
me pedir desculpas porque a batata frita tinha queimado!!!
Assustei-me, um pouco, mas não o suficitente para perceber que havia
alguma coisa muito errada, entre a propaganda competentíssima do
garçom-show, e a realidade da casa. Preços bem altos, fotos boas no
cardápio, mas, a comida de segunda. O arroz horrível, todo
quebrado, ralo e bem feio! Bife à parmegiana, nem quero pensar que
carne era aquela, além de bem pequeno. molho ridículo e uma
lembrança de queijo por cima. Ah! A saladinha estava legal !!!
Durante a conversa com
o rapaz, contei de meu empreendimento aqui. Ele, prontamente, sacou
de sua memória centenas de dicas tipo Sebrae. Nada contra, exceto o
fato de que o Sebrae padroniza o trabalho, pelos grandes centros
turísticos. Locais muito diferentes, como Paraty e Itacaré, não se
encaixam, em absoluto, nesta padronização. Mas, entendi a boa
vontade do garçom-show.
Resumindo: ao sair do
restaurante, completamente decepcionado com a comida e com as
caipirinhas... Pedi a segunda caipirinha, solicitando que fosse feita
no modo tradicional, sem coar, sem descascar os limões. Trabalhei
como bar man em Paraty. Minhas caipirinhas eram famosas. Amyr Klink
sempre que estava na cidade, fazia questão de se dirigir aonde eu
estivesse trabalhando para soberear minhas caipirinhas. A segunda
veio pior que a primeira... !!! … Voltando: não sabia o que sentia
direito. Não consegui identificar de pronto, o que estava
prevalecendo em meu coração: se a simpatia efusivo/carnavalesca do
garçom-show ( Ah, esqueci de lhes contar que o show era o mesmo pra
todos os clientes que chegavam. Eu, bestinha que sou, gosto de
exclusividade, não gostei muito dessa parte. O que fez algumas
gracinhas dele, perderem, totalmente a graça.) ou, a ojeriza pela
comida de terceira, caríssima.
Pensei, pensei,
pensei! Sei que ele estava tentando ser o melhor possível. Mas,
acredito piamente, que poderia sê-lo, sem enganar os outros. Sem
vender o restaurante como se fosse a oitava maravilha do mundo, QUE
NÃO É. É desagradavelmente decepcionante. Inaceitável para uma
casa que se quer naquele padrão. Sei que a cidade quase não tem
emprego. Quem tem, defende como pode. Ok! Aceito! Mas, será mesmo
necessário enganar, exatamente, quem vai proporcionar o salário?
Não! Não vale tudo pra ganhar dinheiro! Vejam que o resultado final
não vai beneficiar a casa. Apesar da personalidade interessantíssima
do garçom-show, que eu gostei, de verdade, NUNCA MAIS ENTRO NAQUELE
RESTAURANTE! E se me perguntarem, desviarei quem puder daquela
arapuca.
Estamos precisando,
volto a repetir, aliás, repetirei tantas vezes quantas achar
necessário: um mergulho bem demorado nas águas claras e miraculosas
da SINCERIDADE.
Vídeo lindo:
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