segunda-feira, 27 de maio de 2013

Competência ou Desonestidade?




        
            Outro dia fui almoçar em um restaurante aqui em Itacaré (ocultarei o nome por motivos óbvios), pela primeira vez. Um belo estabelecimento, bem decorado, até com algum requinte... Fui atendido por um garçom-show – fiquei encantado. Simpatissíssimo. Muito educado, inteligente. Vendeu o restaurante, como se fosse seu. Tanto que perguntei se era dele. Bastante engraçado, rimos muito. Pedi uma caipirinha que demorou cerca de 30 minutos. Toda sofisticada, coada, com gosto de casca de limão insuportável. Horrível.
            Como estava gostando do papo, não vi o tempo passar. Depois de uns 40 minutos, ele veio me pedir desculpas porque a batata frita tinha queimado!!! Assustei-me, um pouco, mas não o suficitente para perceber que havia alguma coisa muito errada, entre a propaganda competentíssima do garçom-show, e a realidade da casa. Preços bem altos, fotos boas no cardápio, mas, a comida de segunda. O arroz horrível, todo quebrado, ralo e bem feio! Bife à parmegiana, nem quero pensar que carne era aquela, além de bem pequeno. molho ridículo e uma lembrança de queijo por cima. Ah! A saladinha estava legal !!!
            Durante a conversa com o rapaz, contei de meu empreendimento aqui. Ele, prontamente, sacou de sua memória centenas de dicas tipo Sebrae. Nada contra, exceto o fato de que o Sebrae padroniza o trabalho, pelos grandes centros turísticos. Locais muito diferentes, como Paraty e Itacaré, não se encaixam, em absoluto, nesta padronização. Mas, entendi a boa vontade do garçom-show.
            Resumindo: ao sair do restaurante, completamente decepcionado com a comida e com as caipirinhas... Pedi a segunda caipirinha, solicitando que fosse feita no modo tradicional, sem coar, sem descascar os limões. Trabalhei como bar man em Paraty. Minhas caipirinhas eram famosas. Amyr Klink sempre que estava na cidade, fazia questão de se dirigir aonde eu estivesse trabalhando para soberear minhas caipirinhas. A segunda veio pior que a primeira... !!! … Voltando: não sabia o que sentia direito. Não consegui identificar de pronto, o que estava prevalecendo em meu coração: se a simpatia efusivo/carnavalesca do garçom-show ( Ah, esqueci de lhes contar que o show era o mesmo pra todos os clientes que chegavam. Eu, bestinha que sou, gosto de exclusividade, não gostei muito dessa parte. O que fez algumas gracinhas dele, perderem, totalmente a graça.) ou, a ojeriza pela comida de terceira, caríssima.
            Pensei, pensei, pensei! Sei que ele estava tentando ser o melhor possível. Mas, acredito piamente, que poderia sê-lo, sem enganar os outros. Sem vender o restaurante como se fosse a oitava maravilha do mundo, QUE NÃO É. É desagradavelmente decepcionante. Inaceitável para uma casa que se quer naquele padrão. Sei que a cidade quase não tem emprego. Quem tem, defende como pode. Ok! Aceito! Mas, será mesmo necessário enganar, exatamente, quem vai proporcionar o salário? Não! Não vale tudo pra ganhar dinheiro! Vejam que o resultado final não vai beneficiar a casa. Apesar da personalidade interessantíssima do garçom-show, que eu gostei, de verdade, NUNCA MAIS ENTRO NAQUELE RESTAURANTE! E se me perguntarem, desviarei quem puder daquela arapuca.

            Estamos precisando, volto a repetir, aliás, repetirei tantas vezes quantas achar necessário: um mergulho bem demorado nas águas claras e miraculosas da SINCERIDADE.



Vídeo lindo:




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