segunda-feira, 29 de março de 2010

Das Flores Altas




Ai! O que seria de mim, sem a fantasia?
Como enfrentaria esse dia,
Vestido de gosto amargo,
Sem espasmos,
Só retalhos
De idealizados traços...

Mas ela existe. É generosa.
A meu favor, tendenciosa...
Tem sempre pronto um banho dourado,
Para amenizar os percalços,
Maus tratos,
Incautos...

Seu colo maternal
Retira-me da atualidade,
- Esse exercício brutal –
E me faz sonhar com possibilidades
Esperançosas,
Viçosas...
Vestida de grinaldas,
Das flores mais altas.

Ela me tira da realidade,
Com suas sementes perdidas,
Absurdamente esquecidas,
Em meio à mediocridade.
São as sobreviventes,
Desse momento demente...
As que escolhem a pedra para crescer
E, revolucionariamente florescer.

Sem a fantasia,
Que povoa minha alegoria,
Não teria metas.
Desonraria minhas regras,
Correria às cegas.
Curvaria nas retas,
Ignoraria todas as setas.
Envenenaria as adegas...

Sem ela, cambalearia
Entristeceria,
E me perderia...
Não mais intercederia,
Desabaria,
Sufocaria,
Não mais escreveria,
Enlouqueceria...
Não mais existiria.

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