segunda-feira, 19 de abril de 2010

Escorregadia Ribanceira




Existe algo que não se cansa de, negativamente me surpreender,
De me causar espantosos tremores,
É a terrível facilidade que o ser humano tem para inverter valores.
Para desprezar o que, segundo o seu material julgamento,
Não lhe convém,
E investir na massa disforme que o sustem.
Eis a receita nada sábia para o atual circo de horrores,
No qual o homem, inconcebivelmente teima em viver.

Difundem-se valores rasos, vazios,
Assustadoramente sombrios...
Calcados nada mais, nada menos,
Do que numa sucessão de pequenos erros.

Parece até que a humanidade,
Simplesmente perdeu a capacidade,
De enxergar,
De reconhecer,
De escolher,
De caminhar,
No que lhe é evolutivamente adequado.
No que lhe deixaria cosmicamente realizado.

Troca grandes feitos,
Pelo sustentar do seu absurdo jeito,
A sua incontestável tendência,
De sabotar a consciência,
Em troca de algum suposto conforto,
Que lhe suplica o seu ego roto.

Ignora seus verdadeiros afetos;
Tudo aquilo que lhe serviria de teto,
Pela possibilidade de alguns trocados,
Pela promessa de fama,
- Serve, para tanto, qualquer cama –
Não importando o saldo de irmãos destroçados.

Vale tudo para “subir na vida”,
Para satisfazer seus desejos,
Completamente fora do universal contexto.
A ética foi completamente esquecida.

O resultado é isso que aí está: essa pasmaceira,
Essa escorregadia ribanceira.
Estamos bem distantes,
De tudo que é efetivamente, relevante.


E o pior é que na linda de chegada,
Recebe a constrangedora recompensa
De quem não pensa;
De quem não raciocina,
Apenas se inclina:
O NADA!

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