quinta-feira, 14 de janeiro de 2010

Porto Príncipe



A tragédia desperta a solidariedade,
Altera as metas da humanidade,
Faz brotar recursos,
Muda todo o percurso.
Traz à tona o sentido de irmandade,
Potencializa a humildade.

Sob o seu pano vermelho,
O outro passa a ser o espelho.
Mediante toda a tristeza,
Reaparecem algumas básicas certezas.
Quando a destruição impõe sua presença,
São revistas todas as crenças.
Os corpos mutilados,
Gritam desesperados.

A destruição compacta,
Vigorosamente impacta.
Desacomoda tudo,
Empalidece o mundo.
Causa medonhos arrepios,
Faz o corpo estremecer em calafrios.
Dói,
Corrói...
Mina,
Aniquila...

É tanto sofrimento,
Que se espalha feito um pavimento,
Nublando a visão,
Da terrível devastação.
Perde-se de tudo, a noção,
Abdica-se de toda ilusão.
Lágrimas queimam como lava,
Mediante o poder da natural clava.
Enterra-se o ego,
Sente-se cego...
Abandonado pela sorte,
Nos braços incompreensíveis da morte.

Sei que deve haver uma explicação,
Embasada nos desígnios da imensidão.
Mas, francamente:
Que crueldade demente!
Aterradora,
Enlouquecedora.
Se o homem não acordar perante tal violência,
Que exaltou sua impotência,
Não sei mais o que será preciso,
Para o nascimento de um novo juízo,
Que respeite as leis naturais,
Os códigos siderais.

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