segunda-feira, 7 de dezembro de 2009

Inconsciente Coletivo



O conceito de justiça é assustadoramente ilusório.
Tenho a impressão que se originou num mental purgatório...

Não temos todos os dados,
Desconhecemos as verdadeiras raízes dos fatos.
Não sabemos a configuração exata,
Que desaguou em determinado acontecimento.
Baseamo-nos numa moral falsa,
Volúvel, volátil, deteriorada, manipulada...
Esquecemos que é de vidro o nosso telhado,
Por absoluta falta de autoconhecimento.
Temos como prova, nosso nada glorioso passado...
Flutuamos numa estreita balsa,
Sem velas,
Às cegas...
Desconfiando do outro,
Classificando como louco,
Todo aquele que ousa ser diferente
Da estranha passividade de toda a gente...

É arbitrário todo julgamento humano,
Exatamente por ser humano...

Quando afirmamos desejar que a justiça seja feita,
Num caso de crime grave, por exemplo,
Provamos que nossa ignorância merece um templo...
Porque o crime em si é a explosão de algo profundo,
Que foi gerado por todo um conjunto
De contribuições,
Emanadas por nossas próprias emoções.
Tudo contribui com a violência vigente,
Ao sermos, sistematicamente, intransigentes,
Preconceituosos,
Desmedidamente ambiciosos,
Assumidamente passionais,
Parcialmente racionais...

Em algum grau todos somos vingativos,
Alguns passivos, outros ativos,
Mas, pelo menos em pensamento,
Todos abusamos dos julgamentos.
Intimamente condenamos sem dó, nem piedade,
Aplicamos penas com espantosa severidade.
É o famigerado olho por olho,
Que coloca a nossa frágil humanidade de molho...
Como se condenar,
Fosse uma forma de aliviar.
Prender alguém,
Não vai trazer de volta o nosso bem.
É uma espécie de vaidade,
Que impera em nossa sociedade.

Nos relacionamentos afetivos,
Os equívocos são abusivos.
Ao se sentir traído o indivíduo escorrega para a maldição,
Emporcalhando o coração,
Com todo tipo de pragas,
Que nada são, além de profundas valas...
Quer ver o outro destruído,
Em tristeza, miseravelmente consumido,
Ardendo no fogo do inferno
E nós observando, de camarote, num impecável terno...

No trabalho também, o nosso comportamento não é exemplar.
É certo que todos queremos prosperar,
Mas, francamente, levamos isso ao extremo,
Incorrendo em desastrosos erros,
Como se para subir fosse imprescindível descer
Às masmorras da ética, para sobreviver...
Vale tudo por dinheiro,
Incluindo, sujar-se por inteiro.
Prejudicar,
Trapacear,
Iludir,
Mentir...
Sugar,
Espionar,
Explorar,
Deflorar...

Todos esses comportamentos são responsáveis,
Pelos momentos instáveis,
Vergonhosamente obscuros, que vivemos
E, os porquês, não entendemos.
Vai para a massa mental do planeta tudo que pensamos,
Tudo que sentimos, tudo que desejamos.
Onde permanece armazenado a espera de oportunidade...
Alguém que se ofereça como ponte para a realidade,
Para esse lixo materializar-se,
Concretizar-se.

Enquanto não entendermos que estamos TODOS interligados,
Somos todos irmanados,
Viveremos na ilusão de uma individualidade,
Que beira à irresponsabilidade.

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