segunda-feira, 16 de setembro de 2013

Antônio

    



        Como é complicado ter um minúsculo negócio, onde se é obrigado a fazer tudo, por, ainda, não poder contratar ajudante. Nos padrões aos quais me obrigo, é trabalhoso. É tanta coisa na cabeça, o tempo todo... Só tenho folga, quando sento em frente ao note para escrever. Mas, terminei de publicar, a cabeça automaticamente, irritantemente, se volta para a Lancheria. 
        Durmo e acordo pensando em lanches. Repasso os que fiz, fico pensando o que pode melhorar. O que acabou. O que tenho que comprar no dia seguinte. Trabalhar com perecíveis é de amargar. Não se pode distrair. Nem sempre você encontra o produto. Embora tenha reduzido o cardápio aos elementos que a cidade me proporciona. Ainda assim, vez ou outra, fico na mão. Detesto falar para a pessoa que não tenho tal ingrediente.
        A Lancheria é ao ar livre, em meio a muitas árvores lindas e antigas. Então, a chuva tem atrapalhado demais. Até porque, realmente, todos concordam que já choveu muito além de "demais". E, claro, começa a chover exatamente quando começo a montar as mesas. Tem dia que parece cartoon: a impressão que tenho é que a chuva fica me vigiando pra cair, bem na hora em que eu abro a porta da frente da casa, portando a primeira mesa. Tipo alguém espiando com um baldão enorme na mão. Sim, o trailer tem toldos. Protegem uma área pequena, bem juntinho ao trailer, onde coloco bancos altos. O problema é que nunca mais choveu reto. Só chove de lado, chegando ao ponto de molhar dentro do trailer. Então, não tem como a pessoa ficar ali. Ainda estou estudando saídas para o problema que não atrapalhem a paisagem linda. 
        Já tenho um pequeno público fiel. Todos moradores das redondezas. Casais com ou sem filhos. Filhos, muitos filhos. Nunca pensei que atrairia esse público. Mas, eles adoram. Virei point. Este final de semana tive um bom movimento, para quem está começando, sendo que devo grande parte aos teens. Eles já sacaram como eu sou. Então, sabem que têm que se comportar, falar baixo. Ouvir a música do ambiente - a nata da MPB -  que já tem me rendido confortadores elogios, em vista do inaudível arroxa que domina soberano, aqui.  - Misericórdia!!!!  Ontem flagrei um deles falando a outro que estava vindo pela primeira vez: "Mas, Rapaz! Fale Baixo! Aqui é lugar de paz"! Exatamente o que ele tinha ouvido de mim, semanas atrás. Quando terminam, levantam e me trazem os pratinhos e copos, os guardanapos usados, os sachês. Se bem que isso nunca tenha lhes pedido.
       Sei que tudo está só começando. Mas, devo lhes confessar que estou apaixonado pelo meu trailer. Dei-lhe o nome de Antônio. Coisa de gente sozinha. Dou nome a tudo e converso com as coisas. Penso que em algum grau há vida em tudo. Mantenho-o limpo, como nunca foi a minha casa. Sinto-me bem dentro dele. Finalmente, consegui um bom eletricista que solucionou o problema das fitas leds que envolvem as árvores. Problemaço que estava me atordoando desde a inauguração. Também, todos elogiam a beleza do espaço. Glória que não é minha e sim, da natureza. 
       Todos os ingredientes e o local são, diariamente, vivificados pela minha mente e, principalmente pelo verdadeiro amor que lhes dedico. Aprendi com a Antiga e Mística Ordem Rosacruz! Um dos pilares de minha vida. Aprendi e aprendo demais com a Amorc. 
       Finalizando: que bom que segui minha intuição, tive coragem e realizei. Quando vierem a Itacaré, venham experimentar meus beirutes líricos, neste espaço magnífico. 




Música linda:
http://www.youtube.com/watch?v=ebas7mMmMVw




 Obs. Como estava ameaçando temporal - coloquei só uma mesa. 
Relevem o acento errado na placa. Implorei para o autor vir arrumar, mas ainda não foi possível

2 comentários:

Anônimo disse...

Mais bonito ainda teu espaço meu amigo... parabéns!!!SUCESSO sempre!

Ana Bailune disse...

rsrsrs... todo negócio tem os seus ossos... o seu, é a chuva! O meu, são as férias... os alunos vão embora 23 de dezembro é só retornam em fevereiro ou março... ai, bolso vazio!