Outro dia, quando fui tomar injeção no hospital,
Palco de muito do que é surreal,
Vi uma cena comovente, genuína,
Linda!
Um operário foi trazido de carro pelo patrão,
Um autêntico armário preto grandão,
Pois tinha sofrido um acidente no trabalho:
Na cabeça havia conseguido um talho.
Eu já estava na enfermaria
Para a enfermeira muito gentil e calma,
Uma iluminada alma,
Preparar o meu medicamento.
Ela me pediu que aguardasse aquele atendimento.
A médica, uma mulher forte, decidida,
Fez-lhe algumas perguntas sobre o que havia acontecido,
Sobre o que ele havia sentido.
Nesse meio tempo, adentrou a enfermaria
A esposa, senhora bem simples, maltratada pela vida,
Visivelmente,
Incontestavelmente.
Ele homem mais baixo, mais bem forte, magro musculoso.
Mas, tremendamente temeroso,
Com relação a agulhas, e aos pontos.
Depois de muita relutância e com a esposa o segurando
Pelas pernas,
Como quem o estivesse apaziguando.
Embora estivessem bambas, as suas próprias pernas.
A médica anestesiou-o e ele foi se acalmando.
Foi quando reparei no rosto da mulher que estava transtornado,
Escancaradamente apavorado.
Tentei imaginar o que se passava em sua cabeça:
Onde teriam ido parar suas certezas?
“O que será de mim sem esse homem”
“Não me deixe sozinha, homem”
“Sozinha eu não vou conseguir,
Não vai ter como prosseguir”…
Rolaram algumas lágrimas silenciosas do rosto dela e do meu.
Dava para ouvir de longe, o coração meu...
Entendi perfeitamente, os seus sentimentos,
O seu medo,
A sua insegurança, perante qualquer vindoura mudança.
Mas, deu tudo certo: ele levou os pontos,
Fez um curativo
E voltou para o seu irrevogável destino.
O Amor cria pontes
Invisíveis aos nossos materiais horizontes.
"Eu nunca volto, nem vou, apenas, sou"
https://www.youtube.com/watch?v=Kvaq7iu38mw
Trabalho nº 3.272
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