domingo, 19 de julho de 2009

Interagindo com as Paredes



Aprendi a reverenciar as paredes que frequento
É um costume que realmente sustento

As da casa em primeiro lugar

As do trabalho, estou sempre a cortejar
Para que o dia seja tranquilo
Para que eu desempenhe satisfatoriamente o ofício
Para que tudo corra bem para todos
Para que eu só encontre sorrisos nos rostos
Para atrair prosperidade
Para semear amizades
É-me fundamental relacionar-me com os prédios
Até para conseguir enxergar melhor a posição dos pregos ...
Preciso sentir-me bem recebido
Para permitir-me desinibido
Caso contrário, travo
E ajo como escravo
Querendo fugir da senzala
Feito passista que não encontra sua ala

É-me necessário reconhecer o tipo de energia
Para trabalhar em prol da harmonia
Tento filtrar os pensamentos
Selecionar cuidadosamente os argumentos
Zelo e prezo profundamente a paz
Permaneço atento e mais
Defendo o ambiente
Como um querido ente
Que precisa de proteção
Para refletir as positivas propriedades da imensidão
Um lugar contaminado pelo negativismo
Subcutaneamente dominado pelo cinismo
Não tem como evoluir
É um permanente dirimir
De tudo que traz em si, vindo do alto,
Formando um amargo caldo
Autofecundo
Dos escuros, o mais profundo
Propício à tristeza
Alimentado pela aspereza

Se tudo isso acontece em um lar
É impossível desabrochar
O mais provável é naufragar
Murchar
Até secar
E cegar

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