quinta-feira, 23 de julho de 2009

Ração de Luz


Eu sempre quis cantar
Desde a primeira memória
Desde o primeiro instante consciente da minha história
Nunca tive a oportunidade, sequer de duvidar
De entrar em frontal conflito
Com o que veio impregnado no umbigo
Demorei muito pra entender que meu canto é diferente
Pode ir do mais singelo, ao mais efervescente
Pode rasgar a garganta como um punhal
Ou pode embalar a alma, numa melodia angelical
Nunca tive oportunidade real de explorar os extremos da voz
A insegurança e a subserviência à opinião alheia tornaram-se cegos nós
Eu cantava quando me deixavam
Eu cantava como me deixavam
Isso explodiu, ainda bem, na maturidade
Hoje canto com naturalidade
Como manda a minha sensibilidade
Sem me preocupar em agradar
Canto pra me desatar
Depois de muito imitar
Consegui, finalmente encontrar
O plexo central do canto
E com um grande espanto
Percebi que era exatamente como eu sempre imaginei
Como desde menino desenhei
Porém amadurecido
Crescido
Minuciosamente trabalhado
Na emoção mais verdadeira entalhado
Sem qualquer sombra de dúvida: é o verdadeiro prazer
É contatar a divindade
Até com um certa intimidade
É quando se expande e se justifica... o viver!
É isso: cantar valida a minha vida
É a escada de subida
Ao que há de mais bonito
No infinito

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